sábado, 5 de novembro de 2016


Voluntários plantam 600 mudas de plantas em margem de igarapé no AC

Objetivo é salvar nascente do Igarapé Santo Amaro, em Rio Branco.
Outras 600 mudas devem ser plantadas em janeiro de 2017, segundo ONG.


Ao todo 600 mudas foram plantadas em margem de igarapé de Rio Branco  (Foto: Kennedy Teodoro/Arquivo Pessoal)Ao todo 600 mudas foram plantadas em margem de igarapé de Rio Branco (Foto: Kennedy Teodoro/Arquivo Pessoal)
Para salvar a nascente do Igarapé Santo Amaro, em Rio Branco, a ONG Garis Natureza (GarisNat) e ao menos 200 acadêmicos de direito plantaram 600 mudas de plantas de espécies variadas em uma das margens do manancial, na manhã deste sábado (29). De acordo com a ONG, o objetivo é evitar a erosão das margens e elevar o nível de árvores na cidade.
"Queremos um mundo mais justo, sustentável e com conforto ambiental. Infelizmente, o crescimento desordenado da cidade acarretou a derrubada de muitas árvores e as nascentes ficam sufocadas. Além disso, é uma situação pedagógica, pois ensinamos a fazer o plantio da maneira correta pensando nas crianças do futuro", destaca Lucinéia Wertz, presidente da GarisNat.
Lucinéia relata que inicialmente a meta era plantar 1,2 mil plantas, mas ela e os voluntários enfrentaram dificuldades na hora de limpar às margens devido ao lixo acumulado. Segundo ela, no local eles encontraram assentos de vaso sanitário, sofás e garrafas.
"Nós enchemos uns seis sacos só de garrafas PET, entre outros objetos de plástico como canudinhos e embalagens de bombons. Também retiramos vários tapetes de carro. Ficamos surpresos e até chocados com a quantidade de lixo que encontramos. Infelizmente o mundo está dessa maneira, enfrentando tantos problemas como a falta de água, devido a nossas próprias ações", lamenta.
Voluntários participaram de ação no sábado (29) e plantaram 600 mudas de árvores em margem de igarapé (Foto: Kennedy Teodoro/Arquivo Pessoal)Voluntários participaram de ação no sábado (29) e plantaram 600 mudas de árvores em margem de igarapé (Foto: Kennedy Teodoro/Arquivo Pessoal)
As outras 600 mudas devem ser plantadas em janeiro de 2017. Lucinéia destaca que a ONG deve fazer ações educativas na região onde fica o igarapé para conscientizar moradores, estudantes e instituições próxima da área.
"Vamos bater de porta em porta, pois a educação ambiental é muito importante. Vamos explicar a situação e mostrar os malefícios de jogar lixo pela janela, de não separar os tipos de lixo, entre outras necessidades. Sabemos que muitos vão bater a porta na nossa cara, mas vamos continuar com as ações", ressalta. 
Nos próximos meses a ONG planeja plantar ao menos 10 mil mudas de árvores na capital. A maioria das plantas levadas para a ação deste sábado incluía palmeiras e outras espécies que geralmente vivem mais próximas de locais com água.
"Essa é uma ação contínua e que merece a ação de todos. Fundamentalmente, queremos que essa rede de ações supra o déficit de árvores às margens de igarapés e rios. Pois, da forma como está hoje, nesse momento em que apenas tiramos as riquezas naturais e não conservamos o meio ambiente, os mananciais ficam cada vez mais secos e enfrentamos mais problemas", finaliza.

Acordo do Clima de Paris entra oficialmente em vigor 

                                                                                                                   
Nova Delhi, na Índia, amanheceu nesta segunda-feira (31) com espessa camada de poluição (Foto: Money Sharma / AFP)Nova Delhi, na Índia, com espessa camada de poluição (Foto: Money Sharma / AFP)






Quase um ano depois da sua aprovação, em Paris, o primeiro acordo vinculante contra as mudanças climáticas que envolve todo o planeta entra oficialmente em vigor nesta sexta-feira (4), mas resta um longo caminho a percorrer para que ele realmente produza efeitos.
O Acordo de Paris, que é destinado a substituir o Protocolo de Kioto em 2020, é o primeiro pacto universal para tentar combater a mudança climática. Ele tem como objetivo manter o aumento da temperatura média mundial "muito abaixo de 2°C", mas "reúne esforços para limitar o aumento de temperatura a 1,5°C", em relação dos níveis pré-industriais.
A entrada em vigor ocorre às vésperas da 22ª Conferência da ONU sobre o Clima, que começará na segunda-feira (7)  na cidade marroquina de Marrakesh. Um total de 92 países já ratificaram (aprovaram internamente) o Acordo de Paris.
O limite mínimo de 55 países que representam 55% das emissões mundiais de gases do efeito estufa -- necessário para que o acordo entrasse em vigor -- foi atingido antes do que os especialistas esperavam.
No entanto, a ONU advertiu nesta quinta-feira, como informa a agência AFP, que o planeta deve reduzir "de maneira urgente e radical" suas emissões de gases do efeito estufa para evitar uma "tragédia humana".
"Se não começamos a adotar medidas adicionais a partir de agora, a partir da conferência de Marrakesh, terminaremos chorando ante uma tragédia humana evitável", declarou Erik Solheim, diretor do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que publicou seu relatório anual sobre a ação climática global.
Entre os principais países emissores, a Rússia ainda não indicou quando ratificará o acordo. Na Austrália e no Japão, o processo já está em andamento, e na Europa, Polônia, Bélgica, Itália e Espanha ainda devem ratificá-lo em nível nacional.
 Laurent Fabius (centro), presidente da COP 21, comemora a aprovação do acordo do clima neste sábado  (Foto: Reuters/Stephane Mahe)Laurent Fabius (centro), presidente da COP 21, comemora a aprovação do acordo do clima,em Paris, em 2015  (Foto: Reuters/Stephane Mahe)
Na América Latina, Argentina, Brasil, México, Peru, Costa Rica, Bolívia, Honduras e Uruguai também ratificaram o acordo, entre outros.
"É importante manter a dinâmica de Paris e não se limitar a se parabenizar pela sua mera entrada em vigor", alertou Alden Meyer, especialista da organização americana Union of Concerned Scientists.
Imprecisões
Os negociadores ainda têm trabalho pela frente, porque o texto acordado por consenso em Paris tem muitas imprecisões que devem ficar claras.
"A COP22 deve ser uma conferência de ação e implementação", afirma Tosi Mpanu-Mpanu, porta-voz do grupo de países menos desenvolvidos.
Entre os temas que devem avançar estão a definição das regras de transparência (verificação dos compromissos nacionais), o aumento da ajuda financeira aos países em desenvolvimento, a assistência técnica para a criação de políticas de desenvolvimento "limpo" (energias renováveis, transportes e residências que consomem menos energia, novas práticas agrícolas, etc), e a apresentação de metas nacionais para 2050.
"O mais importante que estará em jogo em Marrakesh é chegar a um acordo sobre uma data limite para decidir as regras de aplicação do Acordo, especialmente as regras de transparência", afirma Laurence Tubiana, a negociadora francesa, acrescentando que "2017 não seria realista, mas 2018 é possível".
As regras de transparência se referem às informações que os países deverão fornecer sobre as medidas adotadas para limitar suas emissões, assim como o avanço das ajudas financeiras públicas.
Paralelamente a uma maior transparência, o acordo se baseia no reforço dos planos de ação de cada país, que vão até 2025 ou 2030.
Ajuda aos mais pobres
O conjunto dos compromissos atuais coloca o planeta em uma trajetória de +3°C, um limiar que implica consequências mais graves que o aumento de 2ºC (meta prevista no acordo), já em si causador de uma agudização dos fenômenos climáticos extremos, como ondas de calor, secas, inundações e elevação do nível do mar.
"Cada país deve fazer mais, não se pode esperar até 2025 ou 2030", adverte Laurence Tubiana que, como outros especialistas, defende que haja objetivos nacionais mais ambiciosos até 2020.
A questão da ajuda aos países em desenvolvimento continuará sendo um assunto delicado. Dos US$ 100 bilhões prometidos anualmente até 2020, US$ 67 bilhões de fundos públicos já foram anunciados, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Espera-se novos anúncios destinados aos países mais pobres, "que carecem de recursos e conhecimentos para se protegerem de maneira adequada dos efeitos devastadores", destaca Tosi Mpanu-Mpanu.
Por outro lado, em Marrakesh serão medidos os avanços realizados por algumas das 70 coalizões lançadas na COP21 (aliança solar, inovação, práticas agrícolas, sistemas de alerta etc).
Os países africanos esperam muito da Iniciativa para as energias renováveis e dos 10 bilhões prometidos para promover energias verdes no continente.

VEJA PRINCIPAIS PONTOS DO ACORDO DO CLIMA
- Países devem trabalhar para que o aquecimento fique muito abaixo de 2ºC, buscando limitá-lo a 1,5ºC
- Países ricos devem garantir financiamento de US$ 100 bilhões por ano
- Não há menção à porcentagem de corte de emissão de gases-estufa necessária
- Texto não determina quando emissões precisam parar de subir
- Acordo deve ser revisto a cada 5 anos

Acordo inédito
O acordo de Paris foi a primeira vez que se atingiu um consenso global, em um acordo em que todos os países reconhecem que as emissões de gases do efeito estufa precisam ser desaceleradas e, em algum momento, comecem a cair.
Cientistas criticaram a ausência de metas específicas de cortes de emissão para períodos de longo prazo – de 2050 --, mas o acordo deixa em aberto a possibilidade de que essas sejam estabelecidas posteriormente, com "a melhor ciência possível".
O tratado não determina com precisão até quando as emissões precisam parar de subir e começar a cair, mas reconhece o pico tem de ocorrer logo. "As partes do acordo visam atingir um pico global nas emissões de gases de efeito estufa assim que possível, reconhecendo que o pico levará mais tempo para países em desenvolvimento", diz o texto.
O documento ainda conclama os países a "adotarem reduções rápidas a partir de então, de acordo com a melhor ciência disponível, de modo a atingir um equilíbrio entre as emissões antropogênicas por fontes [queima de combustíveis fósseis] e pela remoção por sorvedouros de gases de efeito estufa na segunda metade deste século".
Também está incluído o compromisso de países ricos de garantirem um financiamento de ao menos US$ 100 bilhões por ano para combater a mudança climática em nações desenvolvidas a partir de 2020, até ao menos 2025, quando o valor deve ser rediscutido.
Revisão periódica
O acordo também inclui um mecanismo para revisão periódica das promessas nacionais dos países para rever suas metas de desacelerar as emissões do efeito estufa, que não atingem hoje nem metade da ambição necessária para evitar o aquecimento de 2°C.
Tanto o financiamento quanto a ambição terão de ser revistos de cinco em cinco anos. A primeira reunião para reavaliar o grau de ambição dos cortes é prevista para 2023, mas em 2018 deve ocorrer um encontro que vai debate-las antecipadamente.
A medida é importante, porque as atuais promessas de redução de emissões, conhecidas como INDCs (Contribuições Pretendidas Nacionalmente Determinadas), ainda não são suficientes para barrar o aquecimento em 2°C. No novo acordo, as INDCs perderam o “I” (de “intended”, ou pretendidas), porque agora não devem mais ser uma intenção, e sim um compromisso.
Compensações
Outro ponto crucial do acordo foi o estabelecimento de um mecanismo de compensação por perdas e danos causados por consequências da mudança climática que já são evitáveis. Muitos países pobres e nações-ilhas cobravam um artigo especial no tratado para isso, e foram atendidos.
Países emergentes lutaram muito durante as negociações contra que fossem obrigados a dar contribuições junto com países ricos. No final, a obrigação ficou apenas com países ricos. "Países desenvolvidos parte do acordo devem fornecer recursos financeiros para auxiliar países em desenvolvimento com relação a mitigação e adaptação", diz texto do acordo. "Outras partes são encorajadas a prover e continuar a prover tal suporte voluntariamente."
 Público presente na COP 21 comemora decisão de aprovação do acordo do clima (Foto:  François Guillot/AFP Photo)


Araticum, jaracatiá, grumixama: conheça alguns dos ingredientes ameaçados de extinção no Brasil


Grumixama é um dos alimentos em extinção no Sudeste (Foto: Alexandre Schneider/Livro 'Misture a Gosto')Grumixama é um dos alimentos em extinção no Sudeste (Foto: Alexandre Schneider/Livro 'Misture a Gosto')








Os nomes soam tão diferentes quanto o gosto da maioria desses alimentos seria para o nosso paladar: araticum, jaracatiá, grumixama, cambuci, licuri.
Mas apesar da estranheza inicial, esses ingredientes são tipicamente brasileiros. E correm risco: são parte de um catálogo mundial de alimentos que correm o risco de extinção.
Somente no Brasil, a lista - chamada de "Arca do Gosto" - tem mais de cem espécies. A relação é elaborada de forma colaborativa pela organização Slow Food, criada em 1989 para prevenir o desaparecimento de culturas e tradições gastronômicas em várias partes do mundo.
Para que um produto entre na lista dos "ameaçados" há alguns critérios básicos, como as qualidades gastronômicas especiais, a ligação com a geográfica local, produção artesanal, ênfase na sustentabilidade e risco de extinção.
Além dos menos conhecidos, há produtos bem populares da mesa dos brasileiros, como a jabuticaba, o queijo da Canastra e o pinhão.
Araticum é um fruto nativo do cerrado (Foto: Alexandre Schneider/Livro 'Misture a Gosto')Araticum é um fruto nativo do cerrado (Foto: Alexandre Schneider/Livro 'Misture a Gosto')










Para o biólogo Gleen Makuta, do do Slow Food Brasil, o desaparecimento gradual desses ingredientes se deve à padronização da alimentação.
"Cerca de 90% da dieta do mundo todo está pautada em vinte ingredientes, sendo os três maiores milho, arroz e batata. Então são alimentos que estão muito difundidos, são produzidos em escala massiva e isso faz com que outros ingredientes percam o valor econômico e não consigam acessar o mercado", afirma.
"Isso faz com que todo o conhecimento atrelado a esses ingredientes vá se perdendo. É uma extinção tanto biológica como cultural."
Apesar do risco de desaparecimento, todos os ingredientes da lista ainda se encontram vivos, com potencial produtivo e comercial. Mas poucos chegam à mesa dos brasileiros.
Para a mesa
Uma das criações dos chefs são as ostras empanadas com brioche e castanha de baru com creme de juçara defumada (Foto: Mario Rodrigues)Uma das criações dos chefs são as ostras empanadas com brioche e castanha de baru com creme de juçara defumada (Foto: Mario Rodrigues)
Justamente pensando em aproximar esses alimentos da refeição do dia a dia e da mesa dos brasileiros, a chef de cozinha Claudia Mattos fundou, ao lado de outros chefs, a Aliança dos Cozinheiros para o Brasil, uma rede que promove e a biodiversidade agroalimentar e procura trabalhar com ingredientes locais.
"O Brasil consome e conhece muita coisa de fora - fungui seco e caviar, por exemplo -, mas não conhece produtos nossos, como cambuci, baru, entre tantos outros."
O grupo promove eventos como o Festival Arca do Gosto, que reúne nomes da gastronomia para elaborar pratos e receitas com esses alimentos.
Em São Paulo, há uma edição especial somente com produtos do Sudeste, que reúne cerca de 30 chefs e que vai até novembro.
Claudia Mattos afirma que, nesses casos, o trabalho é quase didático.
"É um projeto desafiador, tem que ser didático, explicar o alimento, de onde ele vem quais os benefícios, aromas, como e se prepara cada um deles porque as pessoas não têm ideia nem de onde encontrar alguns ingredientes. Os chefs podem ajudar muito", conta.
Mesmo para quem já trabalha em cozinha, alguns dos ingredientes são uma novidade.
"É muito fácil fazer mousse com laranja ou morango porque é conhecido, e o resultado muito tranquilo, Mas criar um prato com ingredientes que você não sabe nem como se comportam, se tem que deixar de molho, se tem que assar, cozinhar, se faz ele doce ou salgado é desafiador e trabalhamos na base da experimentação", conta.
O cambuci passou a ser mais usado no Sudeste há cerca de sete anos (Foto: Alexandre Schneider/Livro 'Misture a Gosto')O cambuci passou a ser mais usado no Sudeste há cerca de sete anos (Foto: Alexandre Schneider/Livro 'Misture a Gosto')
A intenção dos chefs é estimular o consumo desses produtos ao apresenta-los para o público geral e incentivar os agricultores.
"Quem trabalha com esse tipo de alimento preserva também a biodiversidade, os ingredientes autóctones. Todo trabalho é por isso, nós somos coprodutores, não adianta todo mundo produzir cebola orgânica porque todo mundo tem. Então é preciso diversificar", conta.
"Há pouco tempo, ninguém conhecia cambuci, taioba, ora-pro-nobis, e hoje vários restaurantes já usam esses ingredientes."
Conhece algum ingrediente com risco de extinção na sua região? Você pode contribuir para a Arca do Gosto - uma comissão vai avaliar sua indicação.
RIO — Mesmo com o aumento acentuado do valor da contribuição de servidores e aposentados, proposto no pacote de medidas de austeridade contra a crise, o Rioprevidência só deixará de ser deficitário daqui a, no mínimo, 20 anos. A situação é tão grave que o governo já planeja estender por esse período a aplicação das alíquotas extraordinárias anunciadas nesta sexta-feira, que estão previstas para durar 16 meses. A negociação deverá ser feita junto a deputados que vão apreciar os projetos de lei enviados pelo estado à Assembleia Legislativa.
O projeto de lei elaborado pelo governo prevê o aumento da alíquota previdenciária de 11% para 14%. Além disso, o estado quer criar uma alíquota extraordinária. O percentual seria de 16% para todos os funcionários da ativa e para aposentados e pensionistas que ganham mais que o teto previdenciário (de R$ 5.189). Os inativos que recebem abaixo desse limite e que hoje não contribuem passariam a sofrer um desconto de 30%. Com o aumento dos valores de contribuição, o governo arrecadaria R$ 1,2 bilhão (com o novo percentual de 14%) e R$ 4,7 bilhões (com a cota extra, apenas no primeiro ano).
Integrantes do Executivo citaram os estudos do economista Raul Velloso sobre o tema. Ele defende que o prazo de 16 meses para o desconto da alíquota extraordinária é insuficiente para cobrir o rombo da Previdência do Rio, que calcula ter um déficit anual de R$ 9 bilhões. Ao fim desse período, argumenta, poderia ser feita uma revisão da contribuição temporária:
— Tem que durar mais se o governo quiser cobrir esse déficit. Em Previdência, tudo é a longo prazo. Dezesseis meses é pouco tempo e só resolveria o problema por um curto período.
Situação difícil, mesmo com medidas
Já a situação geral das contas do estado terá um futuro difícil. Segundo o secretário estadual de Fazenda, Gustavo Barbosa, mesmo com todo o pacote aprovado e implementado, não haverá garantia de que os serviços não sofram com a falta de dinheiro para o custeio, e está praticamente descartado que o calendário de pagamento volte a ser aquele que vigorava até o início deste ano, com salários caindo até o terceiro dia útil do mês:
— Mesmo com tudo isso (que foi proposto), 2017 vai ser mais difícil que 2016 — garantiu o secretário, ressaltando que as alíquotas majoradas só poderão entrar em vigor em abril do ano que vem, depois de apreciadas no Legislativo.
De acordo com o secretário, se a Alerj corresponder às expectativas do governo, o equilíbrio fiscal das finanças estaduais só virá em 2022 ou 2023. Mesmo que o ajuste fiscal seja aprovado, está previsto um déficit de R$ 10,476 bilhões em 2017, que deve inclusive piorar em 2018, quando deve chegar a R$ 13,8 bilhões. Depois desse biênio, começa a recuperação, segundo a Fazenda: R$ 12,6 bilhões de déficit em 2019; R$ 12,1 bilhões em 2020; R$ 7,5 bilhões em 2022; e finalmente superávit de R$1,5 bilhão em 2024.

Caso a negociação com a Alerj não dê certo, o rombo deste ano, que já é de R$ 17,5 bilhões, vai piorar muito. De acordo com a Fazenda, o buraco aumentará nos anos seguintes até chegar a R$ 151, 4 bilhões em 2026. Por isso, e diante da dificuldade de aprovar medidas tão duras, o governador Luiz Fernando Pezão e o vice-governador Francisco Dornelles vão cuidar pessoalmente da articulação política com as bancadas da Alerj.
Ninguém admitiu, entretanto, que o fim de oito secretarias e de muitos cargos confiados a aliados possa atrapalhar essa negociação. A Casa Civil acabou engolindo três pastas (Governo, Trabalho e Direitos Humanos), Ciência e Tecnologia juntou-se à Cultura, e a Secretaria de Infraestrutura agora responde também por Obras, Transportes, Desenvolvimento Econômico e Agricultura. Nos bastidores, comenta-se que dois secretários (a de Cultura, Eva Doris Rosental, e o de Obras, José Iran Peixoto) não ficaram satisfeitos com a notícia de que teriam que deixar seus cargos.
Em meio à reação negativa dos servidores públicos e aposentados, Pezão e Dornelles concederam uma entrevista coletiva ontem para detalhar essa e outras propostas integrantes do pacote de ajuste fiscal, que O GLOBO revelou ontem com exclusividade. Os dois tentaram passar a imagem de que um ajuste como esse seria “inevitável” e foi concebido para garantir o emprego e os salários dos servidores e aposentados. Eles tentaram transmitir a ideia de que servidores e os dois outros poderes terão fazer sacrifícios para que todos saiam da crise.
Pezão, por exemplo, disse que não queria tomar tais medidas, mas que estava tentando


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/governo-defende-que-reequilibrio-na-previdencia-depende-da-continuidade-de-aliquota-extra-20417011#ixzz4PC2k0okA 

Projeto social reúne católicos e evangélicos em um terreiro de Umbanda, em Santíssimo, na Zona Oeste do Rio

Os religiosos: união
Os religiosos: união Foto: Rafael Moraes / Extra
Bruno Cunha
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Um grupo evangélico encontrou Jesus durante um trabalho de umbanda. Feito, inclusive, por eles com católicos e adeptos da religião espírita, com o intuito de interferir na vida de 130 famílias da Zona Oeste. Fiéis a um programa de estágio na Tenda Espírita Caboclo Flecheiro, em Santíssimo, os religiosos gospel contam que sentem a presença de Deus no projeto social.
- Enxergo Deus e Jesus dentro desse terreiro. Eu precisava de um estágio e, quando fui convidada a participar, corri no banheiro da faculdade (evangélica) e orei: Senhor, entrego em tuas mãos. Vim confiante. O objetivo aqui é só a ajuda ao próximo - elogia Rosemere Mathias, de 48 anos, convertida na igreja Assembléia de Deus Nova Filadélfia.
O encontro dos religiosos não tem qualquer vínculo litúrgico. Ao contrário, eles se reúnem apenas para celebrar o aprendizado do curso de Assistência Social, que já chegou ao seu 8 período em uma faculdade cristã.
- Antes, eu tinha uma ideia horrorosa dos terreiros. Quando era mais nova, achava que tudo era obra do capeta. É que, na concepção de alguns evangélicos, Deus só está na igreja deles. Era falta de conhecimento minha - destaca a estagiária Andreia de Oliveira, de 35 anos, que atualmente procura uma igreja.
A distribuição de frutas
A distribuição de frutas Foto: Rafael Moraes / Extra
Ação social
O grupo se reúne no terreiro, a cada 15 dias, para distribuir pepinos às famílias assistidas. E também abacaxis, abóboras e bananas, além de frutas em geral. E, em uma sala, apuram a necessidade de cada uma - 80% delas evangélicas -, orientando-as em casos jurídicos, de saúde e até na retirada de documentos. Fora as palestras educativas sobre câncer de mama, verminoses e o uso de preservativos. E tudo gratuito.
Uma alegria para a umbandista Meri Silva, de 45 anos, que convidou os amigos de turma para o estágio quando soube da necessidade de mão de obra social no terreiro.
- No grupo de estágio, temos até um pastor e duas pastoras. Vejo o verdadeiro amor de Cristo neles. Fui cristã dos 9 aos 22 anos. Mas tive decepções e entrei em depressão. Fui acolhida aqui com amor - conta Meri, ex-evangélica.
O dirigente do terreiro, Marco Xavier, também elogia o projeto “Fé com Atitude”, há um ano com os estagiários.
- São excelentes religiosos por quebrarem tabus em relação a Umbanda - afirma Marco Xavier.
A evangélica Carla Gomes com o pastor Enildo de Queiroz
A evangélica Carla Gomes com o pastor Enildo de Queiroz Foto: Rafael Moraes / Extra
Professora dá uma lição de tolerância
A professora de educação física Carla Gomes, de 32 anos, adora ir a cultos evangélicos a caráter. De saia comprida, mas com roda e muitas cores, ela senta na cadeira da Igreja Assembléia de Deus Ministério Vencedor, em Campo Grande, usando pulseiras, argolas, pano de cabeça e até rastafári e dreadlocks no cabelo. É como apresenta aos fiéis a sua cultura, a dos negros.
- Hoje, há uma cultura em demonizar a religião, as vestes, os costumes dos negros. Eu quis mudar isso. Nas escolas que dei aula, gostava quando as crianças entendiam que as coisas dos negros são legais, que elas (crianças) fazem parte disso. E são essa história. Essa é a minha missão - revela Carla, pós-graduada em História da África e professora de jongo, maracatu, coco, maculelê e samba de roda pela Cia. Banto, fundada por ela.
O pastor Enildo Carneiro, de 55 anos, abençoa:
- Ela pode vir assim à igreja. Alguém pode estar alinhado, de terno, e não ser do Senhor. Vestimentas não dizem nada. A espiritualidade, sim. É que muitos pastores pegam um pedacinho da palavra de Deus e fazem disso uma imposição.
‘Hoje penso: cada um com a sua religião’
Depoimento
Rosemere Mathias
48 anos, técnica de enfermagem e estudante
“Ainda tem muita gente sem visão (no mundo evangélico). Eu mesma não imaginava que estaria em um terreiro de Umbanda fazendo caridade. Acho que até eu era limitada. Mas o preconceito, lá fora, é muito grande. Hoje penso: cada um com a sua religião. E isso não se discute. Aqui no estágio, o Marcos (dirigente do terreiro) nunca tentou me converter à umbanda e nem falou sobre religião comigo. O nosso objetivo aqui (dos estagiários) é ajuda, trabalho. Na faculdade, antes de começar o estágio, ainda ouvi: olha, você está lá? O senhor não vai gostar.”
As roupas
As roupas Foto: Rafael Moraes / Extra


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